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VIVER DE SOBEJO
Ó grande Pai do universo,
Rogo a ti inspiração,
Pra nesta missão honrosa,
Viajar pelo sertão
Apresentando esta arte,
Da qual também faço parte,
Por ela tenho paixão!
Peço licença a vocês,
Pra falar de dois destinos:
Patativa e Luiz,
Dois artistas nordestinos.
Na letra “triste partida”,
Qual conta sina doída,
Valentes estes meninos!
Nesta música que conta
A saga do sertanejo,
Desta gente sofredora
Sempre a viver de sobejo
Duma viagem sem fim
Viver e sofrer assim
Retornar é seu desejo.
Patativa do Assaré,
Sertãozão do Ceará,
De Exu veio Gonzaga,
Pernambuco seu lugar.
Patativa pro cordel,
Ao seu torrão foi fiel,
Gonzagão veio cantar.
Cantando vida mesquinha,
De pobres e sem escola,
Do choro, da dor cruel,
Até do pedir esmola.
Daquela gente sofrida,
Reclamando por guarida,
Dura seca que assola!
É nesta letra marcante,
Que Patativa e Luiz
Apresentam para nós
Cada palavra que diz:
Doída, triste partida,
Pra esta gente aguerrida,
Poesia do Brasil raiz.
Contaram esta história,
Vozes que comoveu o mundo,
Para o nordestino, glória
Deste sentimento profundo,
Expresso aqui agora,
Pois quem a ouve chora.
Dor, tormento cala fundo!
Quero aqui neste cordel
Externar minha emoção.
Homenagear dois mestres
Dentro do meu coração.
Filhos daquele lugar,
Gente que sabe contar
Quando não chove no chão.
*Luas Ribeiro*
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O VELHO SANFONEIRO
Mil novecentos e doze,
Nascia o menino Gonzaga,
Lá no Exu Pernambuco,
Assim começava a saga.
O sucesso foi tamanho,
Que até hoje se propaga!
Na vida representou
O seu povo nordestino,
Através do seu cantar
Foi fazendo seu destino,
Tornou-se o rei do baião
Um sanfoneiro divino!
O Luiz, homem guerreiro,
Que conquistou com braveza
Seu espaço e referencia
Com talento e presteza,
Aos conterrâneos, sua gente,
Externando-os com grandeza!
O forró tão popular,
Regional e pé de serra,
És nosso Sebastian Bach
Do Brasil, a nossa terra.
Presenteou-nos com seu brio
Seu invento, que não se encerra!
Ele será para sempre
O dono deste legado.
O nosso Luiz Gonzaga,
Lá no céu homenageado,
Com muita alegria e festa,
Por Padre “Ciço” sagrado!
Terminada a benção
O Frei Damião, boníssimo,
Prepara a ceia de néctar.
Luiz Jacinto, alegríssimo,
Traz Coronel Ludogero
Atuando em tom gravíssimo!
Irandir Costa, o Otrópe,
Filomena Ludogero,
Na voz de Mercedes Prado,
Lampião com lero-lero,
Todos os conterrâneos
Do norte, poetas e clero!
Faltava Maria Bonita,
Logo também chegaria.
A notícia se espalhara
Toda parte em euforia:
Da terra chegou Luiz,
No céu foi só alegria!
E convidaram Luiz
A vestir o seu gibão,
Pôr sanfona e chapéu
E cantar o seu baião.
Puxando o fole até
O raiar do sol irmão!
Pois a festa foi tão boa
Que Luiz por lá ficou.
Da terra só tem saudades,
Até do amor se curou.
O do tronco do Juazeiro,
No qual seu nome cravou.
*Edmilson Araujo*