Cleusa Santo

 

 

Aqui você encontra os textos de Cleusa Santo...

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Menino

Um domingo de manhã

Estava eu caminhando

Tentando entender o mundo

E tudo que está passando

Quando vejo um menino

A rua atravessando

 

Ele disse: "minha senhora

Uma moeda por favor

Preciso comprar um pão

Pois estou com muita dor

Meu estômago esta roncando.

Mas era fome de amor!"

 

Olhei pra aquele menino

E comecei a pensar

Ele era  um brasileirinho

De tantos a perambular

Sem comida e sem guarida

Sem pai, sem mãe, sem um lar

 

No olhar daquele moleque

Vi meu Brasil  estampado

Ali era o resultado

De tudo que foi roubado

Entreguei-lhe uma moeda

Ele me disse: "obrigado".

 

Ele me agradeceu

Com um olhar inocente

Pensei no desrespeito

Que vive a minha gente

Tiram  daquele menino

Uma educação decente

 

O pequeno  abandonado

Era o reflexo da nação

De um país de corrupto

Sem caráter e sem noção

Tiraram daquele inocente

Escola, guarida e pão

 

Resolvi  então  gritar

Por esse pequeno menino

Gritar pela sua fome

E também por seu destino

Por favor, misericórdia

A este pobre peregrino

 

Se existe uma  arma

Na qual eu  possa lutar

Meus versos são minha arma

Para o descaso enfrentar

Enquanto eu aqui viver

 Mazelas vou apontar

 

Em nome do meu cordel

Peço encarecidamente

Não roubem desse menino

Uma educação descente

Não tire dele o pão

Saúde e educação

Não matem um irmão da gente!

 

 

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Ao Papa Francisco

Bendito seja Francisco

Traga-me a devoção

Ensina-me o caminho

Do Cristo e da oração

Mostra-me a santidade

A praticar a caridade

E a viver em comunhão

 

*Cleusa Santo*

22.jul.2013

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Queria falar das flores

Queria falar das flores...

Das flores de laranjeiras,

Cravos e belos jasmins.

Cirandas e brincadeiras,

Fábulas, lendas, cantigas

E das mulheres rendeiras!

 

Queria falar das flores ...

Do xaxado e do baião.

Do aboio dos vaqueiros,

Que aquece o coração.

Dos santos milagreiros,

De padre Cícero Romão.

 

Queria falar das flores ...

Do belo lírio formoso.

Contar histórias de amor,

De um príncipe corajoso.

Declamar o bom cordel,

Dizer contos de Trancoso!

 

Mas hoje, infelizmente,

Só me restou pra falar

Da destruição das flores,

De montanhas, serra e mar.

Se continuarmos assim,

Onde nós vamos parar?

 

Cleusa Santo

06-4-11

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Lamento de um amor

 

O fato que vou contar

Aconteceu no sertão:

Um cabra muito valente,

Por nome de Lampião.

Além da história contar,

Nós vamos representar.

Preste bastante atenção!

 

Ele, um rapaz normal.

Cabra macho, sim senhor!

Tornou-se cangaceiro

Por causa de um horror.

Incendiaram sua morada,

Matando sua mãe amada

E também seu genitor!

 

O menino Virgulíno

Endureceu o coração.

Só pensando em vingança,

Percorreu todo sertão.

Quem passasse em sua frente,

E que não fosse decente,

Levava uma lição!

 

Sem que ele percebesse

Seu coração bateu forte.

Aquele homem frio,

Sem sonho, rumo ou norte,

Apaixonou-se por Maria.

Tudo virou alegria,

Tudo virou boa sorte.

 

Maria que era bonita

E esposa de um sapateiro,

Quando viu Lampião,

O amor falou primeiro!

Disse: Meu grande amor,

Juro por nosso senhor,

Tu serás o derradeiro!

 

Lampião vendo em Maria

Um poço de fortaleza,

Disse: Oh, linda Maria,

Digo com toda franqueza,

Não nascerá neste mundo,

Um amor forte e profundo,

Com tanto encanto e beleza!

 

Ela foi a sua mulher,

Amante e cangaceira.

Maria sempre bonita

E também muito guerreira.

Pegava num bacamarte

E dava tiros com arte,

De uma forma certeira!

 

Nunca o cangaço e o amor

Andaram tão juntinhos.

Maria e Lampião

Pareciam dois pombinhos.

Olhares enamorados,

Os dois sempre abraçados,

Pareciam dois anjinhos.

 

Mas o destino cruel

Preparou uma emboscada:

Mataram o Virgulíno

E também sua adorada!

Ficou naquele momento,

O povo com o lamento

Do cangaceiro e amada.

 

14.11.2012 

*Cleusa Santo*

 

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Liberdade

 

Salve meu mestre Zumbi

E a toda força do bem.

Salve meu pai Oxalá

E os orixás também.

A capoeira de Angola,

Este presente do além!

 

Salve a alegria do samba,

O negro e o tamborim.

Salve o mestre Mandela,

Que é homem e querubim.

Negros, brancos e amarelos,

Cantem num coro assim:

 

Liberdade, liberdade ...

Eu quero ouvir seu cantar!

Para que todos os povos

Livres possam caminhar,

Unidos de coração,

Cantando a mesma canção:

Amar, amar e amar!

 

20.11.2012
Dia da Consciência Negra

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Lamento do meu querer

 

O meu querer é tão grande,

Tira-me o rumo e razão!

Não é um querer da carne,

Desejo ou só paixão!

É querer tudo querendo,

Um viver quase morrendo,

É pecador sem perdão!

 

É um desejo que mata,

Tira pedaços de mim,

Vai roubando minha alma,

Isso do começo ao fim!

É um querer tão querido,

É o achar do perdido,

Que vive dentro de mim.

 

Meu bem se você soubesse,

Como dói o meu querer,

Deixava tudo e todos,

Vinha comigo viver!

Só assim a alma minha

Repousava bem calminha

E parava de sofrer.

 

*Cleusa Santo*

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"Liberdade, liberdade ...
Quero ouvir seu cantar!
Para que todos os povos
livres possam caminhar,
unidos de coração,
Cantando a mesma canção:
Amar, amar e amar!"

 

*Cleusa Santo*

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Para fazer um cordel
Não é preciso sofrer,
É só respeitar as rimas,
A métrica obedecer,
Soltar o seu coração,
Para a poesia nascer!

 

*Cleusa Santo*

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Ser para ter, ou ter para ser

Quem é você meu amigo,

É tudo que acumulou?

São seus bens, seus títulos,

A fama que conquistou?

Ou é apenas o ser livre,

Do jeito que aqui chegou?

 

Não somos o nosso nome,

Nem fortuna acumulada.

Pergunto-te meu amigo:

E o ser que não tem nada?

Qual é o valor deste ser

Ou ele não vale nada?

 

O valor do ser humano

Está em suas conquistas,

Pensando num bem maior,

Conquistas construtivistas,

Não meras futilidades,

Projetos fúteis e egoístas.

 

Então meu querido amigo,

Preste bastante atenção:

Tu és maior do que pensas,

És a coroa da criação!

Porém não é uma gota,

Mais que o seu pobre irmão!

 

*Cleusa Santo*

 

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A arte imita a vida

 

Se a arte imita a vida,

A vida imita quem?

Uma vai imitando a outra,

Da forma que lhes convém.

Só sei que viver de arte

É a melhor arte de alguém.

 

Se lhe resta meu amigo

Ainda respiração,

Cante, dance, brinque, celebre,

Siga o seu coração.

Pois celebrar a vida

É uma forma de oração.

 

*Cleusa Santo*

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A lei da causa e efeito

 

A vida nós dá retorno

De toda ação praticada.

Umas demoram um tempo,

Outras têm hora marcada.

É assim que a vida ensina,

Lidar com a nossa sina

E cumprir nossa jornada!

 

*Cleusa Santo*

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